O que conseguiríamos se
tentássemos? O que nos seria possível alcançar se não desistíssemos? Aonde
chegaríamos se não parássemos? O que há por trás de uma simples pergunta: “e se
eu tentar?”: há um descortinar de nós mesmos. Um descortinar que nunca se
esgota e que nos leva a conhecer o que, insistentemente, buscamos esconder.
Nunca saberemos aonde poderíamos
ter chegado ou aonde chegaremos se não tivéssemos tentado, se não tentarmos. A
tentativa é a nossa resposta teimosa quando a vida nos diz não, quando o
convite insinua um desistir de nossa parte. Mas
há convites que devem ser recusados e
devolvidos ao remetente. Quando tentamos, mesmo ainda sem sabermos o
resultado, demonstramos a nossa crença na
não desistência. E isso nos fortalece.
É inimaginável o que poderemos alcançar se tentarmos, se não
desistirmos.
Desistir é concordar com a
inércia, é dar ponto a quem quer que o jogo seja perdido por nós. Desistir é a
entrega sem luta. É a concordância sem questionamento. É o baixar de olhos sem
ter-se permitido ver. É aceitar uma conclusão sem emitir, se quer, uma opinião.
Desistir é sair da vida, mas ainda permanecer nela sem perceber.
Fácil não é, mas alguém nos disse
que seria? Os exemplos são muitos.
vídeo tirado da internet
Estarmos conscientes de nossas
potencialidades e termos a humildade de abandonarmos um caminho é saudável e
necessário. Mas é preciso sabermos diferenciar o caminho que deve ser
abandonado, porque se o seguirmos não chegaremos a lugar algum, do caminho que
deve ser percorrido e perseguido. Não podemos abandonar caminhos que nos
pertencem. E esta certeza cada um de nós traz dentro de si.
Caminhos que devem ser abandonados
não nos deixam felizes. Eles nos trazem uma sensação de frustração, de cansaço,
de inércia diante à vida. São caminhos cansativos, exaustivos, tristes, que
nada nos representam. Somos apenas um número. Estes devem ser abandonados
porque possuem valores conflituosos com os nossos, e insistir neles é como
abrirmos mão de sermos felizes. Os caminhos que devem ser percorridos aliviam a
nossa alma, refrescam os nossos pensamentos e nos dão a doce sensação de
pertencimento, de conexão conosco e com a vida. Mas somente alcançaremos estes caminhos se tentarmos. Tentativas conscientes, firmes e, acima de
tudo, com propósito. Fizermos mais que desistir...
Inúmeras serão as investidas para
desistirmos. Mas qual caminho escolheremos?
Encontrar equilíbrio e sabedoria
para andar neste caminhar cheio de encostas, desvios, buracos, sinalizações
falhas e mudanças de tempo é tarefa espinhosa e complexa, mas extremamente
recompensadora. Os espinhos até tentam esconder a beleza do caminho, mas eles
nunca conseguem.
Tentar e não desistir, e desistir
porque, de verdade, não compensa insistir, é o que nos faz grandes, é o que nos
faz importantes para a nossa própria história, e o quanto nos constitui como
Homens que somos. Conscientizarmos de que a tentativa e a não desistência nos
tornarão autônomos e donos de nós mesmos. E que também a consciência da
necessidade de abandonarmos caminhos que não devem mais ser trilhados
fortalecerão as nossas tentativas vitoriosas. Tudo é uma questão de escolha. Escolher
é não desistir. E escolher bem é apurar o filtro das nossas tentativas na vida.
Quero encerrar este texto, mas
não a reflexão, com uma provocação de Clarice Lispector, que diz:
“Nunca sei se quero descansar
porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir.”
Que estejamos, sempre, atentos a
nós e aos nossos entornos e contornos. A dúvida de Clarice sempre existirá em
nós. Mas saberemos lidar melhor com ela quando entendermos a razão do nosso
cansaço, ou seja, se estamos desistindo porque efetivamente é preciso, ou se
apenas por desculpa para justificarmos a nossa fuga da vida.
Que façamos mais que desistir,
como disse Mandy Harvey, no vídeo. E
o primeiro passo? Não desistir da gente e tentarmos quantas vezes forem
necessárias. Mesmo que a vida descarregue sobre nós o seu mau humor e
descontentamento. Ainda assim, terá valido a pena tentar.
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