Que mais aprendo do que ensino.
Que nem sempre minha voz é
ouvida. Mas isto não quer dizer que devo ficar calada.
Que por mais que eu me esforce, nem
sempre o meu esforço é recompensado.
Que por mais que eu mereça, nem
sempre a vida é justa, no meu ponto de vista.
Que eu devo mais ouvir do que
falar.
Que ceder o meu lugar é mais que uma
boa ação: é minha obrigação.
Que ficar falando sobre mim é ineficiente.
Minhas atitudes devem dizer quem sou. Não será necessário falar sobre, a menos
que me perguntem.
Que aquele que nada faz por
merecer, ganha um grande prêmio. E
que, mesmo contrariada, é de bom tom apertar a mão desta pessoa e
parabenizá-la.
Que colocar os meus defeitos
embaixo do tapete aumenta o tamanho deles.
Que deixar minha obra no mundo
não significa que vão reconhecê-la.
Que eu recebo muitas coisas da
vida, muitas vezes sem muito esforço aparente. Simplesmente recebo porque mereço.
Em algum momento construí este caminho. Simples assim. Aprendi que é preciso
aceitar os presentes da vida e me sentir merecedora deles. Se me forem dados,
foi porque os mereci.
Que a tristeza faz parte da vida.
Eu querendo ou não. Se eu a aceitar e procurar compreender porque ela me
visitou, certamente ela irá embora mais cedo.
Que embora o tempo esteja
chuvoso, o sol está presente. Apenas não está aparente. Mas ele está lá. Basta
procurá-lo.
A vida me ensinou o perigo da
subjetividade. E por causa dela, presenciei, presencio e presenciarei muitas
injustiças.
A vida me ensinou a dura arte de
aprender a lidar com os falsos, com os políticos, com os hipócritas. E o pior:
a necessidade de sorrir para eles quando eu quero desmascará-los. A vida os
utiliza para me ensinar a dura arte de perseverar: a de não desistir de
acreditar no que é certo e, principalmente, no poder de transformação das
pessoas.
A vida me ensinou que conviver com
hipócritas não me faz um deles. Ensinou-me a ter firmeza no meu querer e saber
quais caminhos eu não trilharei na vida.
A vida me ensinou a gratidão
pelas pessoas idôneas e honestas com as quais também convivi. E o quão difícil e
prazeroso é me manter neste caminho.
Aprendi que a vida não facilita o
meu caminhar, a menos que eu permita que ela me ajude.
A vida me ensinou que nem sempre
ela me dá aquilo que eu quero, mas sim o que eu preciso. E como é duro este
aprendizado. Mas de verdade? Se eu facilitar o caminho, ela também facilitará
para mim.
Aprendi que não adianta medir
forças com quem é mais forte do que eu.
A vida me ensinou a observar a
água: ao encontrar uma pedra pela frente, simplesmente ela contorna a pedra.
Ela sabe que o seu objetivo é o rio, o mar. E aquela pedra? Nada além de alguém
tentando desviá-la do caminho. Mas a água, sabiamente, não permite.
Aprendi com a vida que querer
sempre ter razão é arrogante e improdutivo. Não sairei do lugar com este
proceder. Além do mais, a minha vaidade fica muito evidente e isto é
vergonhoso.
A vida me ensinou a não ir contra
a natureza. É inútil. Mas é preciso saber isto e aprender a conviver com o que eu
não gosto.
Aprendi com a vida que não
adianta ficar brava com Deus (já fiquei algumas vezes). Ele sempre sabe o que
faz. O problema é que ele só avisa depois. Bem depois. É preciso esperar e
confiar.
Aprendi com a vida que os elogios
sinceros são poucos. Mas mais que suficientes para o fortalecimento da minha
vida e para o meu fortalecimento. Ela me ensinou que muitos elogios atiçam a minha
vaidade e me fazem acreditar sem questionar. Poucos elogios me colocam numa
posição de humildade, de gratidão e de reconhecimento de minhas raízes, de
eterna busca. Muitos elogios me levam para caminhos sem volta. E quando me der
conta, estarei perdida.
Ela me ensinou que o dinheiro é um meio, uma consequência, e não o
fim em si. O dinheiro não encerra, promove. Não conclui, possibilita.
A vida me ensinou a pensar duas
vezes antes de criticar a corrupção dos governantes, a menos quando eu esteja
pronta para abrir mão de minhas pequenas
corrupções.
A vida me ensinou que aprender
não é sinônimo de apreender. São coisas muito diferentes. O difícil é colocar
isto em prática.
A vida me ensinou que o óbvio
para mim é absurdo para o outro. E vice-versa.
Ela me ensinou a não esconder os meus
medos. Quanto mais os escondo, mais eles aparecem e evidenciam o meu rosto.
A vida me ensinou que os tropeços
da minha vida são convites para eu continuar no caminho.
Aprendi com a vida que as minhas frustrações
são testes para a minha vontade.
A vida me ensinou que as
contrariedades são oportunidades de colocar minhas forças em prática e em serviço.
Ela me ensinou que problemas e
dificuldades são formas encontradas por ela de me fazer redescobrir o meu
sonhar.
A vida me ensinou a pedir licença
para entrar, mas nunca deixar de entrar.
Ela me ensinou que falta de
educação é muito triste. Mas que educação em excesso atrapalha.
A vida me ensinou que a grosseria
de alguém comigo nem sempre é pessoal. Que na maioria das vezes, reflete,
apenas, o que aquela pessoa traz por dentro.
Ela me ensinou que quando eu aponto
o meu dedo para o outro, na verdade o defeito é meu, a limitação é minha de, no
mínimo, não exercitar a minha compreensão.
A vida me ensinou que sempre posso
dar o primeiro passo. E que posso transformar o caminho de muitas pessoas por
meio do meu primeiro passo.
A vida me ensinou que ser
corajosa custa caro. Mas que ser covarde custa mais ainda.
A vida me ensinou que me
posicionar significa, muitas vezes, ficar sozinha no caminho.
A vida me ensinou que ser ética e
ter bom senso são obrigações minhas e não méritos de minha personalidade.
A vida me ensinou que, quase
sempre, aquele que tem o poder está errado. E aquele que dá o poder ao outro e
estimula o servir por meio do poder,
está sempre certo.
A vida me ensinou que amigos, de verdade, são poucos. E que quem disser
que tem muitos amigos, na verdade não tem nenhum.
A vida me ensinou que ser honesta
nem sempre é valorizado.
A vida me ensinou que o
conhecimento é um valor inestimável para aqueles que, verdadeiramente, sabem o
seu valor.
A vida me ensinou quem nem sempre
aquilo que eu acho importante e justo tem voz.
Aprendizados: fáceis, difíceis, necessários,
atemporais. Se soubermos lidar com tudo isto, só sairemos melhores desta
experiência. Disto não podemos duvidar.
Quero encerrar este texto, mas
não a reflexão, com uma frase de uma pessoa pouco
conhecida, e de uma sabedoria incalculável, que diz:
“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela”. Charles Chaplin
Se persistirmos no medo de
vivermos as nossas vidas, os ensinamentos ficarão a nossa espera, à espera de quem
dê ouvidos a eles.
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