Bem mais, aliás. Apesar de todo o respeito que as bananas
merecem, aqui há mais coisas. Mas parece que aquele nadador americano, que
inventou ter sido assaltado durante as Olimpíadas, no Rio, não sabia disto. Ser
mal informado na vida tem os seus custos. E a conta dele foi um pouquinho alta.
Bem feito para ele. E sorte a nossa.
Bem feito para ele porque foi uma
dura lição. Aprendeu, a duras penas, que tentar manipular o que quer que seja,
nesta vida, é muito perigoso. Ele acreditou que pudesse manipular a bagunça que
ele havia criado, a favor dele. E viu que não foi possível. Acreditou que
pudesse manipular as aparências, mas a realidade prevaleceu.
E sorte a nossa porque, por meio
deste triste acontecimento, pudemos agir de forma profissional, ética e justa.
Nossa Justiça não manipulou aparências, mas trabalhou de forma autêntica e
verdadeira. Assumiu uma postura firme, rápida e eficiente. Simples assim.
Aquele nadador quis colocar,
literalmente, nas nossas costas, a culpa das irresponsabilidades dele. Aprontou
durante a noite carioca e, depois, percebendo que poderia comprometer sua imagem,
devido às algazarras realizadas, não pensou duas vezes: inventou uma história
dizendo que tinha sido vítima de assalto. Disse ainda que tinha sido
constrangido pela nossa polícia. E que por causa disto tinha chegado de
madrugada.
Porém, o que ele não contava era
que desconfiaríamos daquela história mal contada por ele mesmo, com requintes
de exageros e de molecagem. Ele também não contava que praticamente toda a
cidade estava rodeada de câmeras de segurança e que, portanto, as imagens de
todo o seu trajeto estariam, rapidamente, nas mãos dos investigadores. A
polícia, de forma integrada, conseguiu rapidamente mapear o que havida
acontecido. E para piorar a situação dos farsantes, algumas testemunhas
colaboraram com os policiais e a verdade veio à tona. Pois é, temos mais que
bananas aqui.
Tudo esclarecido. Ao mesmo tempo,
muito triste. Nada disto era necessário. Alguém, de caráter duvidoso como aquele
rapaz, resolveu colocar na nossa conta mais uma culpa. Mas esta nós não
tínhamos. Graças, enfim.
Percebendo, rapidamente, que
podia ser desmascarado, o rapaz tentou voar imediatamente para os Estados
Unidos. Mas, ainda dentro do avião, foi convidado, gentilmente, a se retirar para prestar esclarecimentos na
delegacia.
Pois é, seria bom que aquele
rapaz soubesse que aqui há mais que bananas, muito mais.
O triste de tudo isto é saber que
se aquele rapaz fez o que fez foi porque acreditou que aqui não haveria
punição. Que aqui, um País subdesenvolvido, violento e cheio de problemas, um a
mais um a menos. Que diferença faria, não é mesmo? Ele apostou nisto. Mas o
tiro saiu pela culatra. Não que ele não tivesse razão em pensar que somos violentos
e cheio de problemas. Infelizmente isto
ainda é a nossa realidade. Mas daí a agir sem escrúpulos e sem caráter, fico me
perguntando quem é o mais subdesenvolvido: nós, enquanto Nação, ou ele,
enquanto ser humano? Queria fazer esta pergunta a ele, mas acho que não terei
oportunidade...
Se a história teve o seu lado
triste, a degradação do humano, teve, também, o seu lado feliz. O de
percebermos que temos condições de agir, de fazer, de atuar, de colocar as
coisas nos seus devidos lugares e eixos. Não somos um entra-e-sai sem ordem e
sem norte. Temos uma rota, sabemos o caminho e o melhor: temos as ferramentas
para trilharmos esta rota. Basta que queiramos trilhá-la, assim como fizemos
com este caso.
Sabendo que não tinha saída, ele
pediu desculpas “informais” ao Brasil, por meio das redes sociais. Pagou uma
multa e foi embora. Mas a história ainda não tinha sido concluída. A juíza
responsável, por meio de nota oficial à imprensa, inclusive internacional,
despachou tudo o que havia acontecido, com os detalhes daquela história amadora
criada por outro amador.
No texto ela disse que o país de
origem do rapaz tomaria ciência de todo o ocorrido, para que tudo ficasse
esclarecido. E a multa fixada por esta mesma juíza foi destinada a uma casa
assistencial. Belo exemplo de cidadania utilizando o dinheiro de um impostor!
Importante lembrar que até tudo
ficar esclarecido, a imprensa americana apoiava o esportista-amador, e nem
estava se preocupando muito com o interesse que o Brasil tinha em esclarecer
tudo. Um repórter de lá, tinha que ser, disse:
“não sei porque tamanha repercussão. Lá (Brasil) é perigoso mesmo! É normal
este tipo de coisa acontecer por lá (assalto) ”. O interessante é que eles
falam isto como se fossem a referência da Paz mundial.
“Que atirem a primeira pedra”...já
dizia Jesus há mais de 2000 anos...
Mas tudo bem, a vida ensina.
Mesmo àqueles que não querem aprender.
Foi somente depois de tudo
esclarecido que os Estados Unidos, com um misto de surpresa e de vergonha
alheia pelo o que aquele rapaz havia feito, que se redimiram diante às câmeras
e pediram desculpas ao Brasil dizendo ter sido abominável o comportamento do
aprendiz de nadador.
Tudo esclarecido: fatos postos
sobre a mesa. De um lado, aquele pseudonadador aprendeu que toda ação tem
consequências. E que muitas vezes, estas consequências são bem diferentes das
esperadas e que resultam no enfraquecimento de sua personalidade. Ele perdeu
quatro contratos com patrocinadores. Uma vergonha. Uma lição dura que jamais
ele se esquecerá. Percebeu, também, que por mais difícil que seja, é mais fácil
assumir, de forma autêntica, nossa personalidade do que construí-la sem poder
sustentá-la.
E do outro lado, também
aprendemos uma dura lição: o quanto é difícil ter de conviver com pessoas que
cometem atos para tripudiar sobre aqueles que já possuem problemas demais para
serem resolvidos: no caso, nós. Mas também aprendemos que temos condições de
mudar este cenário se quisermos. Está em nossas mãos.
Aquele nadador talvez tenha tido
privilégios cedo demais na vida. Muito antes de ter tido responsabilidades. E
isto é uma reflexão para levarmos para as nossas vidas. Importante aprendermos
com os erros dos outros para que não sejamos os próximos a cometê-los.
Quero encerrar este texto, mas
não a reflexão, com uma provação de Confúcio, pensador e filósofo chinês, que
viveu há 500 anos antes de Cristo:
“O homem superior atribui a culpa
a si próprio; o homem comum aos outros. ”
Que possamos aproveitar nossos
próprios exemplos de homens comuns que somos. E que eles nos sirvam de pontes
para buscarmos nossa superioridade moral.
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