domingo, 31 de maio de 2015

Se você não tem tempo para si, para quem está vivendo?

Acho que esta pergunta merece uma reflexão individual. Individual porque, certamente, somos mais verdadeiros quando não precisamos nos expor e falarmos sobre nós. Para o outro, eu disfarço, muitas vezes, mas para o meu íntimo, isto não é possível. Então, é nesta hora, que a reflexão se torna uma experiência transformadora.

Falar sobre o tempo é mais do que falar sobre a questão física, ou seja, o passar das horas, dos minutos e dos instantes: falar sobre o tempo significa falar sobre a nossa estada aqui, sobre o ser, sobre a nossa permanência nas coisas. Em nós, também, por que não? Falar sobre o sentido das coisas, falar sobre direção, sobre valores e muito mais.

Falamos muito que não temos tempo, que está tudo corrido, que é tudo para ontem. Mas de onde vem tanta pressa? E mais: por que tanta pressa? O que queremos mostrar? Ou melhor, o que queremos aparentar?

Quem corre demais chega mais rápido no final. E apreciar a caminhada não condiz com a correria. É uma escolha. Ou corremos ou apreciamos. É possível fazermos as duas coisas? Sim, mas com equilíbrio: se corrermos muito, esteja certo de que ouviremos bem mais cedo o apito do juiz sinalizando “fim de jogo”; e se apreciarmos demais, ninguém vai esperar e quem sabe um dia as coisas voltarão para os seus lugares. Enfim, é uma escolha que não se aprende a fazer na escola. A propósito, se conseguirmos ter, nas escolas, no mínimo, aulas, seria um bom começo. Mas isto é tema para outro texto.

Penso que correr só é bom para os corredores profissionais porque eles precisam desta aceleração, desta urgência. Faz parte do trabalho deles. Mas é só. Basta. Quando a corrida acaba eles vão para o pódio, recebem o símbolo da sua conquista, o troféu, e voltam para casa para colocá-lo na estante e mostrá-lo aos amigos.

Penso que temos dificuldades de apreciar o que verdadeiramente importa. Se não tivéssemos, não reclamaríamos tanto da falta de tempo...

Quem tem tempo vive mais e melhor e o que é mais importante: vive para si. E isto não é egoísmo: vivendo para si você se tornará uma pessoa melhor para o outro. Quer exemplo melhor de solidariedade?

Corremos tanto que quando temos uma folga não sabemos o que fazer com ela. Por que não paramos para descansar e simplesmente não fazer coisa alguma? Não, imagina. E a vergonha de dizer que não estamos fazendo nada? Dizer que estamos descansando é vergonhoso.

Corremos muito talvez por assumirmos coisas que não precisaríamos e não deveríamos fazer. Olhando atentamente para as nossas agendas, certamente estamos:

- fazendo coisas que poderíamos ter delegado, se acreditássemos mais nas pessoas e permitíssemos que elas nos ajudassem;

- negociando mais quarenta “minutinhos” com o relógio e depois ficarmos mal-humorados porque estamos atrasados;

- participando de todos os convites que nos fazem só para “não ficarmos de fora” e mostrarmos uma sociabilidade que não temos, que não queremos ter, que não serve para coisa alguma e que nunca teremos;

- abrindo mão de nossos valores, objetivos e sonhos porque alguém disse que isto não é para a gente. Quem sabe quando nos aposentar?

Perceberam o gerúndio? Fazendo, negociando, participando, abrindo e tantos outros que poderíamos colocar aqui. Mas acho que estes já dão o tom da nossa conversa.

O gerúndio fornece um distanciamento entre a ação e a intenção. Quero fazer, mas entre o querer e o fazer há uma loooonga distância. E é este o poder do gerúndio. Quando alguém conversar com você e usar muito o gerúndio, tome cuidado. Mesmo que seja inconsciente, esta pessoa está tentando escapar do compromisso. O gerúndio te isenta do compromisso com a ação. Estarei, estarei, estarei, estarei. Nunca terei a firmeza da ação. Um dia eu faço.

Só que este dia pode nunca chegar e aí você poderá se lembrar da pergunta: Se você não tem tempo para si, para quem está vivendo?

O fantasma da procrastinação é constante em nossas vidas. E a ausência do saber quando ouviremos o apito de “fim de jogo” não nos é claro. Frank Sinatra dizia: “viva como se hoje fosse o último dia. Um dia você estará certo. ” Então a hora é agora, e se a gente não souber que hora é “este agora”, que a gente faça esta hora, construa esta hora como diz a música.

“Se não houver vento, reme”. Não seja bom em arrumar desculpas. Vá.

A procrastinação é ruim porque ela esconde medos, obstruções de nossa personalidade, coisas cavernosas, escondidas. E isto nos impede de vivermos para nós. Como estou vivendo para o outro, os meus fantasmas ficam escondidos. E quando eles teimarem em aparecer darei o meu jeito de escondê-los ou de disfarçá-los com uma irritaçãozinha aqui, um mal humorzinho lá, uma invejazinha básica lá do outro lado, uma puxadinha básica de tapete, enfim a criatividade está aí para nos dar uma mãozinha nisto. Não há com o que se preocupar.

Precisamos nos analisar com crueza, sem os aparatos que nos cercam e nos apoiam. Somente desta forma, eu acredito, poderemos saber quem realmente somos. E esta análise crua nos ajuda a responder a pergunta que está no título.

Aliás o título de um texto é o que dá tom a ele. Então, fiz do título deste texto uma pergunta exatamente para que esta pergunta seja o tom da vida, da sua vida e te faça esta provocação diariamente: Se você não tem tempo para si, para quem está vivendo?

Vivemos numa sociedade que é ávida por devassar a intimidade dos outros. Por isto não temos tempo e também para isto estamos destinando o nosso tempo, muitas vezes. Viver para si é acessar a sua intimidade e conhecê-la para depois tentar entender o outro. Entender o outro não é ter curiosidade pela vida alheia.

Você precisa ir para o universo do outro para conhecê-lo e entendê-lo. Só consigo fazer isto quando conheço e aceito o meu universo. E isto é viver para mim.

Vivemos num mundo de excessos. Isto cria em nós uma sensação de “não ser”, o que é extremamente desfavorável para nós. ‘Quando eu tiver aposentado’, ‘quando eu tiver aquele carro’, ‘quando eu tiver aquela casa’, ‘quando eu tiver... ‘. Como eu ainda não tenho tudo isto, eu definitivamente “não sou”, e aí vem aquela sensação de falta de pertencimento que vulgarmente dizem “crise existencial”. E para sair deste estado, faço uma selfie do meu melhor lado e perfil, coloco nas redes sociais com um belo sorriso, e a mágica da mentira se faz.

Nunca nos fotografamos tanto, mas também nunca se vendeu tanto antidepressivo no mundo. E veja que o Brasil engorda bem esta fila. Por que será? Será que é porque não estamos vivendo para nós? Olha que este pode ser um caminho...

A selfie é uma ferramenta de se autoafirmar, de se mostrar relevante para este mundo digital. As pessoas têm medo de serem esquecidas neste mundo de trás das câmeras. Mas como isto é possível se elas já se esqueceram delas há tempos, vivendo apenas para o outro?

Os excessos nos paralisam. Você já entrou em algum lugar entulhado de coisas e se viu sem a mínima possibilidade de se mexer? Pois é, ainda bem que a gente AINDA não encontrou uma forma de se enxergar por dentro e ver todos os nossos pensamentos, angústias, ansiedades, medos...haja entulho. Quem sabe o próximo aplicativo da semana que vem dará conta disto? Entulho = paralisia. Está aí uma coisa para pensar...

Viver para si não é isto. É estar em sintonia com você, estar verdadeiramente aonde se quer estar. E se ainda não estiver, se esforçar para buscar. Só o esforço já te fará um vencedor. Mesmo que você não ganhe medalhas no pódio. O problema não está em querer ser premiado, em buscar isto até para que não haja comodismo. O problema está em ficar o tempo todo falando que é o melhor e só buscar isto na vida.

Estamos perdendo a noção do que de fato é importante na vida. Por isto vivemos para o outro e não para nós. Perdemos a noção do que é importante porque tudo virou urgente, então o importante pode esperar.

Estamos sete dias da semana, 24 horas por dia à disposição e o pior: exigimos isto do outro, que nos deem respostas imediatas. Como assim demorar meia hora para me responder? É insuportável ser alcançada a qualquer momento.

A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa, por isto ela tem mais tempo. Uma pessoa orgulhosa está sempre “muito ocupada” para fazer o que é necessário. Ela dá desculpas e não dá conta de suas obrigações e pendências. Uma pessoa humilde se compromete, realiza e tem tempo.

A pressa dos outros, em querer respostas para ontem, nos faz parecer que estamos sempre devendo. Faz-nos sentir culpa o dia todo por termos vários e-mails em nossa caixa. A pressa e a urgência são do outro, não deveriam ser nossas. Dizer não para os outros é dizer sim para nós. O que é realmente importante para você?

Viver para si é criar bastidores que te acolhem para compensar o que os excessos tiraram ou os chatos de plantão. Nossa, como estes te sugam! Haja bastidor para dar suporte! Se ainda não estamos aonde queremos estar, que este bastidor seja o nosso refúgio, intransponível para o que vem de fora. Isto é viver para você. E aí fortalecido, você poderá sair deste bastidor pronto para estar inteiro para o outro, para o mundo.

Viver para o outro sem ter, primeiramente, compromisso com você é abrir mão dos seus sonhos, de sua essência, de quem você é. Não viver para si é não viver para o outro. Já percebeu que quando você não está bem, nada sai direito? Você não consegue estar inteiro em nada? E aí diz a frase famosa: “hoje eu não estou sendo uma boa companhia. ” Por que? Porque é a sensação de ausência do viver para si. Quando eu não vivo para mim tudo está fora do lugar. Então como poderia te ajudar se nem a mim consigo? Outra reflexão para se fazer.

Viver para si é não perder a esperança. Quando perdemos as esperanças vamos nos tornando insensíveis, frios e adoecemos.

Viver para si significa ter consciência de seus medos, de seus fantasmas e carregá-los. Isto é muito importante. Este trabalho é seu e não do outro. Você precisa carregá-los. Em nossa sociedade, é muito comum colocarmos, discretamente, nossos medos e fantasmas no colo do outro. Sabe aquela correspondência sem remetente que você encontra na sua porta? Pois é, quem já não recebeu este tipo de encomenda e quem já não a enviou também? Quando a enviamos, achamos que ela é tão leve! “O outro consegue carregar”, dizemos. Mas quando a recebemos, nossa como pesa!

Os medos e os fantasmas precisam ser carregados por quem os criou e se precisar, ele deverá ir lá no fundo resgatá-los, no nosso fundo bem sombrio. Lá é bem escuro, não há luminosidade uma vez que a gente quer escondê-los, então não há motivo para ter luz. Por um lado, é bom em tempos de bandeiras vermelhas...

O que é o fantasma? O fantasma é uma representação de uma forma de sofrer. Quem é o fantasma? É aquele que vem para te atormentar, para te cobrar. É aquela sensação de que existe algo para ser feito, mas que ficou para trás. E aquilo fica te atormentando. E não é o que acontece quando não vivemos inteiramente para nós? Então fica a pergunta: Se você não tem tempo para si, para quem está vivendo?

Então a gente precisa ir lá embaixo, bem no fundo, não dá para ficar na superfície, no jeitinho. No jeitinho você não vai resolver, porque aquilo vai desaguar num outro lugar e provavelmente em lugares errados. Então vá lá, pegue uma escada e desça, recolha o que há lá, faça o que precisa fazer, se arrebente, se necessário, mas volte e volte renovado. Resolva. Não perca tempo em fazer concessões. A gente se desgasta muito nisto.

Este é um dos caminhos que vejo para que “viver para si” e consequentemente “para o outro”, seja possível.

Viver para você não significa se ausentar dos compromissos diários, cuidar do outro e de tudo o que compõe a nossa vida, estar alheio ao mundo. Pelo contrário: viver para você significa estar disponível para o outro, enxergar o outro e ver nele um igual a você. Significa ser livre e ser livre significa que todos os seus fantasmas continuarão a existir, afinal somos humanos, mas eles perderão a força de nos aterrorizar. E assim, poderemos viver para nós sem o medo de darmos uma passadinha no sótão ou no porão de nossas vidas. É muito importante deixarmos espaços em nossas agendas para fazermos aquela faxina no porão e no sótão de nossas vidas. Mas e o tempo pra isto? Brincadeira...

Quando você não vive para você os fantasmas tomam conta.

Só vamos conseguir viver para nós quando perdermos os recursos das nossas simulações, quando eliminarmos a censura de nossas vidas e nos propusermos a nos enxergar como verdadeiramente somos.

Quero concluir este texto com uma provocação de Franz Kafka, que diz:

“Tu és a tua própria lição de casa”.

Portanto, sendo você a tua lição, sendo você responsável por você, te pergunto:

Se você não tem tempo para si, para quem está vivendo?

Está aí uma frase que desencadeia um caminhar. Um caminhar longo, porém necessário e que, certamente, terá uma vista linda se nos permitirmos apreciá-la e saboreá-la.

Boa caminhada!

domingo, 24 de maio de 2015

Você já correu hoje?

Corremos para nos levantar

Corremos para nos alimentar

Corremos para apertar o soneca do rádio-relógio

Corremos para tomar o remédio para dormir porque não há tempo de esperar o sono chegar

Corremos para comprar livros com figuras grandes e assim acabar logo a leitura

Corremos os olhos pelo calendário a procura do próximo feriado

Corremos a nossa fala e aceleramos a dos outros

Corremos do trânsito e no trânsito porque a pressa é nossa passageira mais inquieta

Corremos para pegar as balas que estão no retrovisor do carro

Corremos os olhos pelo texto porque estamos sem tempo para ler

Corremos para ter o melhor condicionamento físico

Corremos para comprar o presente mais caro, mas não o mais importante

Corremos do dicionário porque já sabemos todos os significados

Corremos o dia todo para não pensar no que precisa ser pensado

Corremos durante a semana para chegar logo o final de semana e aí correr mais ainda sem saber para aonde

Corremos para interromper o que alguém está tentando nos dizer

Corremos para dizer futilidades no facebook e deixar o que é importante para depois

Corremos da chuva

Corremos da vida

Corremos dos sonhos como fuga

Corremos para entregar o texto em tempo

Corremos para ganhar tempo

Corremos porque perdemos tempo

Corremos para fugir do sol

Corremos porque achamos chique dizer que estamos correndo

Corremos para fazer parte de uma sociedade que corre

Corremos para ter muitos afazeres e assim nos sentir importantes

Corremos porque, desta forma, não precisaremos dar satisfações

Corremos porque nos identificamos com o Coelho de Alice

Corremos porque a pressa é nossa meta

Corremos porque não enxergamos sentido no caminhar

Corremos porque é tudo para ontem, o amanhã pode esperar

Corremos porque o médico mandou

Corremos a maratona para dizer que somos saudáveis, mas depois vamos ao fastfood

Corremos dos compromissos porque não teremos tempo de cumpri-los

Corremos do que realmente importa por puro medo

Corremos de nossos valores e de nossas convicções simplesmente por achar que devemos concordar com o outro

Corremos de cumprimentar o vizinho e assim não precisar saber como ele está

Corremos para deixar o outro ir bem à frente e assim não precisar cumprimentá-lo, muito menos segurar a porta

Corremos daquele conhecido, assim não preciso ajudá-lo com as sacolas

Corremos para aproveitar o sol e secarmos a roupa

Corremos para entregar porque prometemos, mas não porque quisemos

Corremos porque alguém falou que sempre foi assim

Corremos para ler a resenha porque o livro é muito longo

Corremos para nos sentir um igual

Corremos para assistir ao filme no cinema porque tem cinco estrelas da crítica

Corremos para fazer parte da correria mesmo que ela não faça sentido

Corremos porque o dia “só” tem 24 horas

Corremos porque o ônibus está chegando e ele não espera

Corremos porque a novela vai começar

Corremos para fugir do útil e servir ao inútil

Corremos para que não tropecem em nós

Corremos para não sermos vistos como diferentes numa sociedade de commodities

Corremos para darmos conta de uma agenda que lotamos só para impressionar quem acredita nisto

Corremos porque se pararmos não saberemos andar

Corremos para nos esconder

Corremos para que nos vejam

Corremos da velhice e usamos cremes que aprenderam a mentir para nós

Corremos da infância porque queremos ser grandes, e depois de grandes nos esquecemos que crescemos e agimos como crianças

Corremos para pegar a primeira fila

Corremos para passar o farol que está fechando

Corremos para furar a fila porque estamos com pressa

Corremos para chegar primeiro mesmo sem saber aonde se quer chegar

Corremos para pegar o microfone mesmo sem saber o que perguntar e se é preciso perguntar

Corremos para dizer que sabemos, mas a verdade é que nem ouvimos a pergunta

Corremos para justificar nosso voto e assim aproveitar o feriado prolongado

Corremos para criticar o político, mas somos o primeiro a votar nele

Corremos para criticar a política e o País, mas somos o primeiro a anular o nosso voto

Corremos para criticar a economia, mas somos o primeiro a mudar o canal quando o assunto é economia

Corremos para falar de ética, mas somos o primeiro a pedir para “dar um jeitinho”

Corremos para dizer que fomos à Europa mesmo sem conhecer o nosso bairro direito

Corremos para lotar a agenda do nosso filho, e assim nos vangloriar para os “amigos”

Corremos para lotar a agenda do nosso filho, mesmo que isto diminua nosso tempo com ele para conhecê-lo, de verdade, e fazer o que realmente importa

Corremos para aparecer na foto, mas somos o primeiro a esconder o riso

Corremos para dizer que não somos preconceituosos, até surgir o primeiro negro e/ou pobre na nossa frente

Corremos para fazer um MBA no exterior, mas sobre o que mesmo era o curso?

Corremos para dizer que somos fluentes no inglês porque desprezamos a nossa Língua

Corremos para ouvir o Ministro dizer que a Educação será valorizada, mas os pit bulls foram soltos atrás dos professores

Corremos para aproveitar a promoção, mesmo sem precisar do produto

Corremos do tédio

Corremos para o tédio

Corremos para mostrar a nossa mais nova aquisição

Corremos para mostrar a nossa embalagem da loja da moda

Corremos para esconder a nossa embalagem da loja popular

Corremos para dizer “eu também fiz”

Corremos para ser o primeiro a dar um like

Corremos para ser o primeiro a “curtir” um texto sem a menor importância

Corremos para deixar o texto importante na pasta de pendências

Corremos para abrir a porta sem nos importar quem seja

Corremos para fechar a porta que a vida nos abriu

Corremos do menino que nos pediu esmola

Corremos do cego para não precisar atravessá-lo

Corremos para apontar o defeito do outro e disfarçar o nosso

Corremos para trocar o celular sem ter para quem ligar

Corremos para ter o último celular mesmo que o primeiro fosse o suficiente

Corremos para a passeata para parecer engajado e ativista

Corremos para dizer que a ditadura tem de voltar, mesmo tendo nascido muito depois de ela ter acabado e sem saber o que, de fato, ela trouxe de sofrimento, atrasos e de alienação

Corremos para dizer que sabemos, mesmo sem saber o que foi dito

Corremos para julgar, mesmo sem saber aonde o galo começou a cantar

Corremos para dar uma desculpa para nossa ausência naquilo que era imprescindível a nossa presença

Corremos para disfarçar a nossa preguiça

Corremos das reuniões indispensáveis e participamos de “quase” todas dispensáveis

Corremos para discutir quem foi o eliminado do Big Brother 15

Corremos...

Ufa...e ainda dizem que somos sedentários...

Só não corremos de correr porque não nos lembramos mais porque falamos que era preciso correr.

Mas como todos correm, por que pararmos? Se pararmos precisaremos explicar porque não estamos correndo. Então é melhor correr para não precisar dar explicações.

Enquanto o correr fizer sentido para o fugir, vamos tratar de correr para encerrar este texto.

Aliás vou correr porque começou a chover e se eu não correr vou perder a cultura do parecer que me fez permanecer num mundo do ter em detrimento do ser.... Ué, cadê as vírgulas desta frase?

Foram todas embora. Se elas permanecessem, qual seria o sentido do correr? Elas nos fariam pausar. Mas como queremos correr, elas acharam por bem irem andando antes que a chuva as pegasse desprevenidas! Sábias elas.

domingo, 17 de maio de 2015

Tudo e nada

Faça tudo,

Faça nada,

Apenas aja!

Siga em frente,

Não siga,

Apenas prossiga!

Vá à luta,

Não brigue,

Comunique!

Passado, presente, futuro.

Lembranças, atitudes, realizações.

Tente tudo,

Nada tente,

Apenas tenha isto em mente!

domingo, 10 de maio de 2015

Macaco ou elefante: quem te representa?


Acho que são os dois. Ora estamos no trapézio; ora nos soltamos dele. Mas tem um momento, muito particular, que não fazemos nem uma coisa nem outra: aquele no qual não nos soltamos (porque não acreditamos que alguém ou algo nos sustentará), ou não seguramos algo ou alguém porque não nos achamos capazes. E é nesta hora que o pessimismo entra em cena. Portanto, acho que faltou um animal na imagem que representasse isto.

Temos o macaco dizendo: “Venha, não tenha medo. Eu seguro você. Pode confiar em mim. ” Vocês repararam na carinha feliz dele? E temos também o elefante dizendo: “fui! ” E foi mesmo, sem pensar duas vezes.  Ambos otimistas.

Quando olho esta imagem, é inegável a vontade de rir. Rir do absurdo que ela representa, afinal como um macaco franzino poderia segurar um elefante? Mas logo o riso passa e vejo que a imagem tem muito mais a nos provocar e a nos oferecer do que um simples riso. O humor e o riso são maravilhosos porque introduzem com eficácia qualquer aprendizado que se queira fazer, mas em primeiro momento. Porque depois, é hora de aprofundar e refletir.

Otimismo x Pessimismo. Dois lados que se opõem. Dois lados que se completam. Ora estamos no trapézio ora a vida nos pede para soltá-lo.

Num mundo de dualidade e de contradições como o nosso, ter a consciência de que ora estaremos lá ou ora estaremos cá, é uma questão de sobrevivência. Não adianta questionar a vida, como fazemos muitas vezes. Há vezes que receberemos respostas; há vezes em que precisaremos subir ou descer do trapézio para encontrá-las. E aí a certeza do macaco e a confiança do elefante nos ajudarão muito, podem apostar que sim.

Pessimismo e otimismo possuem o mesmo sufixo “ismo”. E o que isto significa?

Há vários significados para este sufixo, não podemos generalizar. Etimologicamente ele vem do grego e significa um sistema de crenças, uma ideologia, um sistema a ser seguido, algo em que se acredita. Porém, na Medicina significa patologia, uma doença. E aí começa uma pequena confusão: porque nem sempre o “ismo” da ideologia (por exemplo: Cristianismo) poderá ser confundido com o “ismo” de doença, por exemplo: alcoolismo (dependência química do álcool). São coisas distintas. Esta confusão traz entendimento errado que por sua vez, traz comportamentos equivocados.

Vejamos o termo homossexualismo. Outra confusão. Erroneamente era tratado como patologia, doença, o que já deixou de ser visto assim pela Medicina na década de 80. Tanto isto é verdade que o termo foi mudado para homossexualidade. Mudou-se, portanto, o sufixo "ismo" para “idade”, que significa modo de ser, comportamento. Daí os termos maldade, lealdade, igualdade e por aí vai.

Mas por que falar disto, de sufixos? Apenas para lembrar o quanto a nossa Língua é rica e o quanto vale a pena se aprofundar no seu conhecimento para saber o que estamos falando. E isto nos ajudará a compreender, então, que otimismo e pessimismo são um sistema de crenças, algo em que se acredita. E o nosso sistema de crenças explica muita coisa.

Quando chamarmos alguém de otimista ou de pessimista, ou quando nos classificarmos de tal forma, será inerente considerar que a pessoa agiu desta forma não somente por ser A ou B, otimista ou pessimista, mas sim porque há um sistema de crenças que sustenta aquele comportamento. Aí a conversa fica um pouco mais séria, bem diferente do riso inicial ao olharmos aquele macaco segurando aquele elefante.

Na nossa sociedade, ser otimista é, acima de tudo, ser visto como um lunático e irresponsável. Confundimos e deturpamos muitas coisas e conceitos. “Nossa, como você é otimista! ” Alguém diz, ironicamente.

Muitas vezes ser um otimista é sinônimo de alienação, como se o otimismo tivesse saído de moda. Assumir a postura otimista significa, com frequência, ser perseguido e chamado de irresponsável. Quando o otimista diz: “a coisa vai melhorar” isto não quer dizer que ele vai ficar parado esperando as coisas caírem do céu. Significa, apenas, que ele acredita e confia nisto. E suas ações e comportamentos do dia a dia vão ao encontro desta crença. O otimista, de certa forma, é perseguido por aqueles que não se permitem olhar além do escrito, por aqueles que não aprenderam, desde crianças, a lerem as entrelinhas, que, a propósito, dizem muito mais que muitas linhas retas e completas.

O otimista é aquele que sabe aonde quer chegar, mas não consegue racionalizar, expressar verbalmente seu plano, suas intenções. Por isto ele se joga, simplesmente ele acredita. Mas o plano pode não dar certo, e ele acaba estatelado lá embaixo.

Só que ser um pessimista assumido também será perseguido, e aí ele ouvirá: “Puxa, será que não tem nada de bom? Tudo é cinza e improvável. Como você é negativo! ”

Qual a saída então? Acho que termos um pouco do macaco, do elefante e do bicho que ficou faltando na foto: a do pessimista. Somos as três coisas. Não há como fugir disto. O problema está em equilibrar estas forças a nosso favor.

Ser otimista, apenas, pode nos trazer problemas. Que ironia, não? Pois é, mas é assim mesmo. O otimista incorrigível não enxerga muito os riscos, vive sempre achando que tudo vai dar certo, acha que todo mundo é legal, bacana, não vê maldade nas coisas e nem nas pessoas. Enfim, ele vive num mundo idealizado, vive um ideal.

Mas é preciso diferenciar o ideal do real.

O mundo ideal deve ser maravilhoso, mas a má notícia é que não vivemos nele; e a boa notícia, é que podemos construí-lo.

O otimista, como está envolto em seu mundo ideal, reage e vive desta forma. Tende a ver tudo e a todos da maneira como ele é.  Mas não é bem assim que a coisa funciona...

A imagem chama a nossa atenção porque há um erro nela. E o erro chama a atenção. Pronto. Ponto para o pessimista: não é ele quem diz: “Eu não disse?” “Eu falei que isto não poderia dar certo.” Os pessimistas são ótimos sinalizadores de caminhos tortos que tomamos na vida. Que bom que eles existem. Mas a pergunta que faço é: por que o erro chama a atenção? Acho que para nos lembrarmos que estamos em construção, não estamos prontos. O caminho é longo.

Rimos da imagem porque colocamos a nossa atenção no absurdo, no erro, no ridículo. Este é um pouco o papel do pessimista. Mas por que o absurdo? E se este elefante fosse de plástico? O macaco conseguiria sustentá-lo, não? Rimos do inusitado.

O otimista rirá do inusitado porque achará engraçado; o pessimista porque será irônico e dirá: “que absurdo! ” O otimista dirá: “nossa, que legal! ”

É confuso mesmo. Confuso porque somos tudo isto e mais um pouco e sabemos muito pouco lidar com estas inconsistências e incongruências de nossa natureza. Não fomos educados para entender nossos sentidos internos; fomos educados para olharmos para fora e não para dentro de nós.

São tantos os nossos cuidados em querermos que tudo faça sentido, que tudo tenha ordem, tomamos tanto cuidado em tomar tanto cuidado que acabamos por perder e inibir muitas de nossas habilidades. Uma delas, por exemplo, a fantástica habilidade de observar, que raramente fazemos. Alguém observa hoje? Precisamos reeducar os nossos sentidos.

Aprenda a observar. Quando você observa você não cristaliza, o que é excelente para não criar preconceitos e estereótipos. É preciso pensar além do que está sendo mostrado.

Por que não pode chegar um outro trapézio com uma ajuda para aquele macaco? Preciso contar com o inesperado e com a surpresa. E se este elefante for de plástico ou de pluma?

Por que não pensamos em plumas e plásticos? Porque impomos limites a nossa imaginação e a nossa subjetividade. E é preciso negá-los se quisermos equilibrar estas nossas forças.

O normal ainda é o certo, na visão de muitos. O otimista e o pessimista ainda sofrerão muitas perseguições. O normal é o meio. Mas onde está este meio, se não sei o começo e o final? Já disse isto em algum outro texto, mas achei que coubesse aqui, novamente.

E se o macaco estivesse no lugar do elefante e vice-versa? Aí seria a normalidade, a regra, a nota musical no tom correto, o instrumento afinado, o andar nos trilhos. Mas aí não precisaria deste texto e muito menos das provocações que a vida nos impõe.

O texto começa exatamente porque há este absurdo. Há um escritor que diz:

“Pode-se dizer que aprendizagens podem ocorrer quando um elemento novo desordena uma adaptação anterior, produzindo novo equilíbrio em um novo patamar de conhecimento. É preciso considerar que a aprendizagem se dará com a interação e com a construção de sentidos coletivos. ” E não é uma desordem um macaco segurar um elefante? Pois é, texto mais do que atual.

A imagem que trouxe contraria a regra, aquilo que está escrito.

“Por que precisamos mudar se sempre fizemos desta forma? ”, alguém disse.

O macaco contraria a regra. O que este macaco está fazendo lá? Arrogante ele, não? Quem ele pensa que é? Um otimista incorrigível, talvez. Mas que os pessimistas odiarão conhecê-lo.

E aquele elefante sem noção alguma do perigo? Que irresponsável! É certo que ele vai cair. Bem feito, eu avisei. Para a alegria dos pessimistas. Confirma-se a teoria do “eu sei”, “eu não te disse? ”

O que você vê na imagem? Depende do ângulo, do momento de vida no qual você está, do seu estado de espírito, do seu conjunto de valores, de suas perspectivas, de seus paradigmas.

Se você olhar a imagem com o olhar da razão, será pouco provável que o macaco conseguirá segurar o elefante. No máximo, o macaco vai conseguir encostar suas mãos na tromba do elefante e só. Vão os dois se estatelarem lá embaixo. Mas se olharmos com os olhos da alma talvez não. E eu diria que a alma sabe das coisas.

A alma nos inspira a pensar além, a enxergar portas aonde elas ainda nem foram construídas. A razão nos faz, ao contrário, desconsiderar algumas portas que estão lá, mas a gente faz questão de descartá-las. Sempre há uma razão para descartar portas. Mesmo as que estão lá. Pois é, a razão tem razões que até mesmo ela desconhece...parafraseando o escritor.

Ser racional é necessário, num mundo de incertezas. O raciocínio te orienta, te conduz para o lugar correto, certo, adequado.

Ser realista é bom. Ser pessimista é necessário. Em todas as reuniões de trabalho que participei sempre tinha um pessimista de plantão que fazia questão de nos trazer de volta à realidade: “mas vocês já pensaram que...” “vocês consideram este risco que...” “temos orçamento para isto? ” “isto não vai dar certo, nem precisa terminar de falar. ”

Ele sempre dizia estas coisas. A gente murchava na hora, mas ele teve, por diversas vezes, razão. Ter pessoas que nos trazem de volta à realidade é muito bom, nos faz poupar algumas respostas e satisfações que precisaremos dar, mas tirar os pés do chão é tão bom também...simplesmente acreditar.

Precisamos dos dois. Só usar a razão nos faz frios e alheios à beleza que é a vida; só usar a emoção nos faz seres alienados e marginalizados. “Este é só um sonhador”, alguém poderá dizer.

Precisamos reconstruir conceitos para transformar a nossa prática. Seja otimista ou pessimista, é preciso reconstruir conceitos e saber subir ou descer do trapézio, quando se fizer necessário. E sempre com classe: ninguém precisa saber dos bastidores de nossas inseguranças.

A minha atitude vai ser determinante para resolver o problema: subir ou descer do trapézio, segurar algo ou alguém ou simplesmente me jogar e saber que o macaco vai dar conta.

Há estudos que relacionam o otimismo com o funcionamento do sistema imunológico e a resistência ao estresse. Ótimo. Mas o pessimismo me ajuda a antever muitas coisas que nem o mais importante dos estudiosos de cenários conseguiria fazê-lo.

Há os que julgam, rotulam as pessoas. Nesta hora, me lembro de um provérbio chinês que diz: “você nunca conseguirá entender o outro se não calçar, no mínimo por sete dias, as sandálias dele. “ Sábia lição.

Você precisa ir para o universo do outro para conhecê-lo.

O pessimista só não teve a oportunidade de ser otimista. Parece estranho, mas é isto mesmo. Suas experiências passaram longe disto. Vivemos num mundo de desiguais.

Julgamos o outro de acordo com a nossa lente. É parecido comigo? Ótimo, faz parte da minha turma. Não é parecido? Julgo, simples assim.

É preciso considerar que o pessimista teve como espelho outros pessimistas que reforçaram o modelo a se seguir.

E ao contrário do pessimista, o otimista em sua redoma de vidro limpinha talvez não tenha tido a possibilidade de vivenciar pessimismos. É preciso enxergar as coisas para que a experiência seja real, não é nisto em que se acredita?

Estava num ônibus e um rapaz entrou pedindo dinheiro. Sem entrar na questão “certo e errado”, o fato foi que absolutamente ninguém olhou para ele, nem sequer ouviu o que ele dizia. Num determinado momento, acho que cansado de falar e ninguém ouvir, disse: “alguém pode, por favor, me enxergar? “ Não sei os outros, mas a pergunta dele doeu em mim.

Regras diferentes foram dadas ao otimista e ao pessimista para que vivessem aqui.

O otimista aprendeu a colorir a vida na sua aula de artes; o pessimista não teve esta aula ou talvez não a percebeu.

O pessimista precisou ir para a frente mais cedo. Viveu e presenciou coisas que o otimista não precisou. O otimista conheceu a poesia que o fez acreditar que se soltar (elefante) o fará ser mais forte. O pessimista teve que aprender a se equilibrar mais cedo.

O otimista andou mais por ruas asfaltadas; os pessimistas por mais ruas de pedras. Se eu andar somente por ruas asfaltadas, vou tropeçar no menor buraco. E se eu andar somente por ruas de pedras e deformações, esta será a minha lente para o mundo. Esta será a minha forma de me relacionar com o mundo. Preciso da pedra para fortalecer o meu espírito e preciso do asfalto para ainda acreditar nas pessoas e no mundo.

Os nossos carros são os que apresentam uma suspensão mais forte porque os buracos aqui não são poucos. Foi preciso nos adaptar. Os dois são necessários.

O otimista talvez tenha excessos que precisam ser tolhidos e organizados como o excesso de confiança, um verdadeiro perigo para os otimistas incorrigíveis.

Um pessimista talvez tenha privações que precisam ser discutidas e reavaliadas como ter direito a ser feliz, é um deles.

O otimista acha que sempre dá, sempre pode; o pessimista acha que nunca dá, que nunca pode. Excessos – privações. Está aí um desafio para nossos tempos.

O pessimista talvez tenha uma visão invertida da realidade, uma distorção ao acreditar que vai errar. O otimista talvez também tenha uma visão muito colorida da vida, portanto distorcida, mas se coloca na condição do querer fazer. A decisão se dá no detalhe. É uma construção.

Os otimistas carregam esta força impulsionadora para a frente (“vamos, vai dar certo! ”), mas ao mesmo tempo sofrem de uma espécie de “adaptação excessiva”, ou seja, está tudo bem, tudo há o lado bom, vamos procurar enxergar o lado bom disto, sempre acreditam nos outros, a maldade humana não é tão crítica assim.

Os pessimistas carregam também uma força impulsionadora, porém para trás (“será que vai dar certo? ”), mas ao mesmo tempo os pés estão mais no chão, assentados e as borboletas estão presas. Vivem nesta constante “errância” (sempre tem que ter algo errado) e vivem carregando seus medos.

Tanto o pessimista quanto o otimista sofrem. O sofrimento faz parte da nossa condição humana. Só que sofrem de lados opostos.

Tive uma gestora que dizia que a mãe dela sempre escolhia, em dias chuvosos, o guarda-chuva colorido, ao sair para enfrentar o dia. Ao ser questionada pela filha do motivo da escolha (“este guarda-chuva é muito fantasioso, mãe”), a mãe responde: “não é porque o dia está chuvoso que eu não posso colori-lo, nem que para isto eu deva começar pelo guarda-chuva! ”

Pois está feito o convite: o de sair de nosso centro e aproveitar esta oportunidade de fazer conexões inteligentes, começando por nosso guarda-chuva. Será que vamos aceitar este convite?

Enquanto finalizava este texto, um macaco, um elefante e o bicho que ficou faltando na foto acabaram de passar. Alguém observou?

domingo, 3 de maio de 2015

A Vida

A vida é mais do que vida:

É bondade

É liberdade

É vida.

A vida é mais do que vida:

É contexto

É pretexto

É vida.

A vida não é além da vida:

É isto

É isso

É aquilo a que chamamos vida.

A vida é tudo o que queremos, é tudo o que podemos, é tudo o que imaginamos ser.