vídeo tirado da internet
Várias são as leituras que
podemos fazer sobre este vídeo. Reflexões podem nos fazer um convite para o
pensar, se dedicarmos um tempinho para isto. Tudo aquilo que nos chama a um
patamar acima requer paciência e disposição.
Existem caminhos mais curtos, é
verdade. Mas logo ali eles se mostram, e somos obrigados a pegarmos um retorno
e refazermos o caminho.
O vídeo fala muito mais do que
condicionamento: sabemos que os animais obedecem devido ao condicionamento
adquirido por meio de treinamento. Mas se arriscarmos sair do óbvio, veremos
que o vídeo traz muito mais que isto.
O vídeo traz reflexões. Muitas.
Uma delas foi, literalmente, a
paciência de saber esperar. Sim, esperar é uma arte.
Numa rápida consulta ao
dicionário, a palavra “arte” vem do latim “ars”, que significa habilidade construída
a partir da percepção, das emoções e das ideias
de quem a criou.
Então, se esperar é uma arte, e
se arte é uma habilidade, isto
significa que podemos desenvolvê-la. A questão que fica é: queremos
desenvolvê-la?
Toda construção se dá por meio de
etapas. Mas os caminhos mais curtos nos chamam mais a atenção. A obra pronta é
sempre mais atrativa. A habilidade de
construir não me interessa, muitas vezes, porque somente será visível para mim
e não para o outro. E se não for visível também para o outro não me interessa.
A habilidade de construir requer
percepção, emoção e ideias, como dito acima: percepção para saber a hora de
esperar e de avançar; emoção para reconhecer quem somos e ideias para
vislumbrarmos os nossos caminhos.
Aqueles cães, portanto, nos deram
uma grande lição: saber esperar é uma arte. Mas como tal, é preciso desenvolver
esta habilidade que se dá por meio da percepção, da emoção e da ideia. Sábios
eles.
Mas como estamos, muitas vezes,
voltados para o autocentrismo, achando que o mundo gira ao nosso redor, não
tivemos tempo, ainda, de desenvolvermos tal habilidade da espera...
Ninguém consegue dar o melhor de
si quando está mais preocupado em aparecer. Seria este o nosso caso? Talvez.
Excesso de visibilidade
atrapalha. Por que queremos, tanto, aparecer? O que nos falta que achamos que
encontraremos num palco qualquer construído por desconhecidos? Por isto não
sabemos esperar...
Quando ficamos desesperadamente
lutando por atenção, estamos perdidos num caminho construído por nós mesmos. O
excesso não deveria nos representar.
Uma segunda reflexão foi sobre a
confiança. Aqueles cães confiaram que o alimento viria. Simples assim.
Obviamente que precisamos realizar o trabalho de bastidor para que a coisa aconteça.
Mas mesmo quando realizamos, acreditamos? Muitas vezes não. Somos nossos
próprios algozes em muitos momentos das nossas vidas.
Não acreditamos em nós porque não
valorizamos quem somos. Crença tem absolutamente tudo a ver com valor. Se não
creio em algo é porque este algo nada tem de valor para mim. Simples assim.
É preciso resgatar a nossa
confiança. Buscar e acreditar que virá. E esperar um pouco, sem sofrimentos,
sem angústia, sem ansiedade. Percorremos, já, um grande caminho.
Não há a angústia da descrença no
olhar daqueles cães. Mas há foco numa determinada direção. Crença e espera porque
sabem do caminho trilhado.
Portanto, é preciso mudar a nossa
percepção sobre a nossa condição de ser. E desta forma, passarmos a existir na
totalidade. Deixamos de existir quando não acreditamos em nós, quando achamos
que não receberemos, que a nossa hora não virá, quando não sabemos esperar.
Deixamos de existir quando avançamos o sinal, ainda vermelho, e, envergonhados,
damos aquela paradinha sobre a faixa de pedestres aguardando, impacientemente,
a abertura do sinal. E ainda torcemos para que nenhuma autoridade apareça para
nos lembrar de algo que sabemos. Mas enfim...queimamos, sempre, na largada...
Uma terceira reflexão foi
observar o último cão: aguardou, pacientemente, ser chamado. Aquela angustiante
sensação de todos serem chamados e ele ainda não. Quem já não passou por isto?
E se ele não fosse chamado? Qual teria sido a reação? A dele não sabemos. Mas a
nossa certamente sabemos dizer, mesmo que a gente não queira compartilhar a
resposta com o outro. Não importa. O que importa é a reflexão sobre isto.
Muitas são as reflexões que o
vídeo traz:
- paciência para saber esperar a
sua vez;
- humildade para aceitar ser o
último a ser chamado;
- renúncia para dar passagem ao
outro que foi chamado antes que você;
- saber se calar para que o outro
ouça ser chamado;
- ter resignação para saber que
nem sempre você será chamado;
- olhar o outro se divertir e se
alimentar, enquanto você tem fome;
- ficar feliz com a felicidade do
outro;
- entender que ser o primeiro ou
o último é só uma questão de ponto de vista.
imagem tirada da internet
Enfim, a tela da nossa vida está
aí. É só termos a coragem de tomá-la nas mãos e de usá-la. E que a nossa
pintura seja a representatividade do que esperamos e do que buscamos. E por que
não, do que já encontramos?
Quero encerrar este texto, mas
não a reflexão, com uma frase de Rachel de Queiroz, romancista brasileira, que lutou
bravamente pelos seus ideais e pelos seus sonhos. E que, certamente, soube
esperar...
Em qualquer momento difícil, no
qual desistir fosse o caminho mais fácil, ela dizia:
“Jamais desisto. Como boa
cearense, arredondo os ombros e aguento a pancada. ”
Que a persistência seja uma de
nossas referências. Mas para isto, é preciso saber esperar. E esperar é uma
arte...