terça-feira, 28 de junho de 2016

Saber esperar é uma arte


vídeo tirado da internet

Várias são as leituras que podemos fazer sobre este vídeo. Reflexões podem nos fazer um convite para o pensar, se dedicarmos um tempinho para isto. Tudo aquilo que nos chama a um patamar acima requer paciência e disposição.

Existem caminhos mais curtos, é verdade. Mas logo ali eles se mostram, e somos obrigados a pegarmos um retorno e refazermos o caminho.

O vídeo fala muito mais do que condicionamento: sabemos que os animais obedecem devido ao condicionamento adquirido por meio de treinamento. Mas se arriscarmos sair do óbvio, veremos que o vídeo traz muito mais que isto.

O vídeo traz reflexões. Muitas.

Uma delas foi, literalmente, a paciência de saber esperar. Sim, esperar é uma arte.

Numa rápida consulta ao dicionário, a palavra “arte” vem do latim “ars”, que significa habilidade construída a partir da percepção, das emoções e das ideias de quem a criou.

Então, se esperar é uma arte, e se arte é uma habilidade, isto significa que podemos desenvolvê-la. A questão que fica é: queremos desenvolvê-la?

Toda construção se dá por meio de etapas. Mas os caminhos mais curtos nos chamam mais a atenção. A obra pronta é sempre mais atrativa. A habilidade de construir não me interessa, muitas vezes, porque somente será visível para mim e não para o outro. E se não for visível também para o outro não me interessa.

A habilidade de construir requer percepção, emoção e ideias, como dito acima: percepção para saber a hora de esperar e de avançar; emoção para reconhecer quem somos e ideias para vislumbrarmos os nossos caminhos.

Aqueles cães, portanto, nos deram uma grande lição: saber esperar é uma arte. Mas como tal, é preciso desenvolver esta habilidade que se dá por meio da percepção, da emoção e da ideia. Sábios eles.

Mas como estamos, muitas vezes, voltados para o autocentrismo, achando que o mundo gira ao nosso redor, não tivemos tempo, ainda, de desenvolvermos tal habilidade da espera...

Ninguém consegue dar o melhor de si quando está mais preocupado em aparecer. Seria este o nosso caso? Talvez.

Excesso de visibilidade atrapalha. Por que queremos, tanto, aparecer? O que nos falta que achamos que encontraremos num palco qualquer construído por desconhecidos? Por isto não sabemos esperar...

Quando ficamos desesperadamente lutando por atenção, estamos perdidos num caminho construído por nós mesmos. O excesso não deveria nos representar.

Uma segunda reflexão foi sobre a confiança. Aqueles cães confiaram que o alimento viria. Simples assim. Obviamente que precisamos realizar o trabalho de bastidor para que a coisa aconteça. Mas mesmo quando realizamos, acreditamos? Muitas vezes não. Somos nossos próprios algozes em muitos momentos das nossas vidas.

Não acreditamos em nós porque não valorizamos quem somos. Crença tem absolutamente tudo a ver com valor. Se não creio em algo é porque este algo nada tem de valor para mim. Simples assim.

É preciso resgatar a nossa confiança. Buscar e acreditar que virá. E esperar um pouco, sem sofrimentos, sem angústia, sem ansiedade. Percorremos, já, um grande caminho.

Não há a angústia da descrença no olhar daqueles cães. Mas há foco numa determinada direção. Crença e espera porque sabem do caminho trilhado.

Portanto, é preciso mudar a nossa percepção sobre a nossa condição de ser. E desta forma, passarmos a existir na totalidade. Deixamos de existir quando não acreditamos em nós, quando achamos que não receberemos, que a nossa hora não virá, quando não sabemos esperar. Deixamos de existir quando avançamos o sinal, ainda vermelho, e, envergonhados, damos aquela paradinha sobre a faixa de pedestres aguardando, impacientemente, a abertura do sinal. E ainda torcemos para que nenhuma autoridade apareça para nos lembrar de algo que sabemos. Mas enfim...queimamos, sempre, na largada...

Uma terceira reflexão foi observar o último cão: aguardou, pacientemente, ser chamado. Aquela angustiante sensação de todos serem chamados e ele ainda não. Quem já não passou por isto? E se ele não fosse chamado? Qual teria sido a reação? A dele não sabemos. Mas a nossa certamente sabemos dizer, mesmo que a gente não queira compartilhar a resposta com o outro. Não importa. O que importa é a reflexão sobre isto.

Muitas são as reflexões que o vídeo traz:

- paciência para saber esperar a sua vez;

- humildade para aceitar ser o último a ser chamado;

- renúncia para dar passagem ao outro que foi chamado antes que você;

- saber se calar para que o outro ouça ser chamado;

- ter resignação para saber que nem sempre você será chamado;

- olhar o outro se divertir e se alimentar, enquanto você tem fome;

- ficar feliz com a felicidade do outro;

- entender que ser o primeiro ou o último é só uma questão de ponto de vista.


imagem tirada da internet

Enfim, a tela da nossa vida está aí. É só termos a coragem de tomá-la nas mãos e de usá-la. E que a nossa pintura seja a representatividade do que esperamos e do que buscamos. E por que não, do que já encontramos?

Quero encerrar este texto, mas não a reflexão, com uma frase de Rachel de Queiroz, romancista brasileira, que lutou bravamente pelos seus ideais e pelos seus sonhos. E que, certamente, soube esperar...

Em qualquer momento difícil, no qual desistir fosse o caminho mais fácil, ela dizia:

“Jamais desisto. Como boa cearense, arredondo os ombros e aguento a pancada. ”

Que a persistência seja uma de nossas referências. Mas para isto, é preciso saber esperar. E esperar é uma arte...

terça-feira, 14 de junho de 2016

O destino somos nós

É inacreditável o quanto acreditamos no inacreditável: o elogio que mente, a fama que corrompe, o sonho interrompido.

É inaceitável o quanto aceitamos o inaceitável: a mentira deslavada, o ego exacerbado, o descabido que nos convida a abrir mão de nosso senso crítico.

O inacreditável e o inaceitável: duas faces da mesma moeda. Porque a outra face ainda não a conhecemos.

Aceitar o inaceitável. Acreditar no inacreditável. Aceitamos e acreditamos. E assim somos misturas da mesma massa. E assim não precisamos explicar nossas escolhas. E assim não precisamos falar porque já sabem a nossa opinião. E assim somos iguais num mundo de desconhecidos e de viajantes. E assim somos invisíveis num mundo ávido por se mostrar.

Aquele que muito se mostra não é visto. E também tem medo de ser visto de verdade.

Aquele que muito busca não encontra. É preciso deixar espaços para ser encontrado.

A busca incessante desequilibra. É preciso saber a hora de parar. E de recomeçar, também. Mas parar é imprescindível.

Buscar incessantemente é perseguir algo. E perseguir é não respeitar o tempo. Toda busca precisa de espaços e de tempo. A ociosidade é indispensável no movimento de busca.

É preciso nos encontrar para que a nossa condição de ser seja ampliada.

O cristalizado tornou-se naturalizado. Aceitamos. E por quê? Porque aquilo que se tornou natural não precisa mais ser aprendido. A nossa rotina agradece. O cristalizado precisa ser repensado e retirado da prateleira do natural.

Natural devia ser o aceitável e não o inaceitável. Começamos a refletir sobre isto, mas por qual motivo paramos? Natural deveria ser acreditar e não o inacreditável. Afinal, chegamos até aqui, não?

Abrimos mão da amizade, mas não do preconceito.

Somos felizes quando concordam com a gente e quando somos elogiados. Não somos capazes de enxergarmos avanços na crítica.

Crescemos mais na dor porque nela prestamos atenção. Na dor, somos todos muito parecidos. A dor aguça os nossos sentidos e amplia os nossos horizontes. Parece que na dor a nossa visão alcança lugares, até então, não visitados.

Somos capazes de fingir um falso sono para não nos levantarmos do banco sujo que sujamos, no metrô. Mas não somos capazes de enxergarmos a necessidade do outro.

O sonho do outro nos representa porque o sonho do outro já foi detalhadamente trabalhado na sociedade de iguais. Mas o nosso sonho não nos representa porque ele é diferente, impensado e inédito.

Aquilo que não foi pensado está arriscado ao fracasso.

O diferente precisa encarar o riso do deboche e o olhar cínico daquele que chegou antes da gente e conseguiu um lugar bom para se sentar. E do lugar dele, tem uma visão privilegiada do irrelevante. Que é o valorizado pelos que acreditam no inacreditável.

Aquilo que não se vê deveria ser debatido. Aceitar o invisível é o primeiro passo para reencontrarmos o que perdemos, mas que não poderíamos ter perdido.

O preconceito é um exemplo do invisível. Corrompe às escondidas.

O excesso que camufla a carência.

O riso triste que esconde a tristeza.

A fala sem parar que mostra a necessidade do silêncio.

Os títulos no lugar das atitudes.

A falácia no lugar da verdade.

O palhaço que deveria fazer rir, agora chora.

E aquele que deveria chorar para identificar a dor, ri pela simples falta de quem o acolha em sua dor e em suas misérias.

As misérias humanas disfarçadas nos imediatismos dos 140 caracteres.

Fronteiras construídas no lugar de pontes.

Aquilo que foi proscrito, mas não poderia. Aquilo que não foi prescrito, mas deveria.

Proscrito. Prescrito. Reescrito não seria melhor? Mas aceitamos o proscrito e acreditamos no prescrito. A reescrita não faz parte da nossa rotina.

Estamos exilados dentro de nós por acreditarmos em conceitos estreitos. Ampliarmos a nossa visão e querer não acreditar no inacreditável. É preciso remontar sistemas e romper com as linhas mestras que nada mais dizem.

É preciso entender a construção para realizar a desconstrução. E assim mudarmos as percepções da nossa condição.

A nossa percepção das coisas e do mundo nos impede de ver a realidade.

Existimos, muitas vezes, pela imposição e não pelo direito que temos de existirmos.

Não reservamos lugares para a diversidade. Ela não é bem-vinda.

Inaceitável e inacreditável: o aceitar e o acreditar em melhores destinos. Mas para isto, é preciso aceitar o diferente. Somente desta forma vivenciaremos a nós próprios.

Rejeitar o inaceitável é aceitar o outro e, consequentemente, viver a melhor versão de nós mesmos. Rejeitar o inacreditável é se colocar no mundo, mesmo que às custas de uma caminhada sozinha e solitária.

Rejeitar o inaceitável é se reconhecer como um igual. É mergulhar nos nossos conhecimentos e ir ao encontro de nós mesmos.

Abrir mão do inaceitável é reconhecer que vivemos numa sociedade que produz excluídos. Que produz hierarquias, que produz quem pode e quem não pode.

Criar diferenças é uma das nossas especialidades. E as diferenças criam as injustiças, aqueles que carregarão o piano e aqueles que tocarão o piano, mesmo que desafinados. Muito desafinados. Mas como aqueles que ouvem nada entendem, não compreendem aquele desafinar...

Os absurdos que nos movem. Os acertos que questionamos.

As incorreções que justificamos. As correções subestimadas.

A vaidade valorizada pelos que aceitam o inaceitável. A humildade valorizada pelos que não acreditam no inacreditável, mas que lutam num mundo onde são desacreditados.

O dinheiro que deveria ser o meio, mas é o fim em si.

E o fim em si que ninguém conhece porque falta coragem para a caminhada.

Respostas e perguntas que lutam para serem perguntadas e ouvidas. Mas é preciso mais que simples caracteres. No mínimo, palavras, bem diferente de caracteres que na época das grandes guerras eram utilizados. Velhos conhecidos. Nada disto é novo.

Assim como nossas perguntas e respostas: nada de novo, apenas com nova roupagem, talvez.

Enfim, somos velhos desconhecidos de nós mesmos. Um pouco de tempo disponível para viajarmos em nós e para nós talvez nos fizesse muito bem. No mínimo, revisitaríamos o que acreditamos e o que aceitamos e perceberíamos que muitas coisas estão fora de lugar.

Quero encerrar este texto, mas não a reflexão, com uma frase de George Moore, romancista irlandês, que diz:

“Um homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta para casa para encontrá-lo. ”

Pois é, títulos são importantes, mas não para sabermos o essencial da vida, que sempre esteve e sempre estará dentro de nós.

domingo, 5 de junho de 2016

Na travessia ou às margens?

imagem tirada da internet

A Literatura é um destes lugares infinitos cujo aprendizado não se esgota. E ler este pensamento de Fernando Pessoa me faz pensar desta forma. Sempre há algo a dizer. Nunca o tudo já foi dito. Sempre há algo a falar, a pensar, a construir.

Duas palavras chamam a minha atenção neste pensamento: ousarmos e margem.

Ousar é ir além. É acreditar em algo. É arriscar.

Estar à margem é exatamente o oposto: é o não ousar, é o não acreditar, é o não arriscar.

Sem ousadia a vida não passa das arquibancadas. O viver dá lugar ao vazio, dá lugar para as margens da vida. Colocar algo às margens é esquecê-lo.

Eu estava numa reunião de trabalho, e uma pessoa, me vendo fazer anotações no meu velho e bom caderno, disse:

“que bom que você trouxe seu caderninho para fazer anotações, porque eu esqueci o meu tablet. Você, pode, por favor, anotar no cantinho da margem este dado para depois, quando der, eu verificar melhor? ”

...caderninho, cantinho, depois, quando der... mesmo sem perceber, aquilo que ela havia me pedido para anotar certamente ficaria para segundo plano. Tudo aquilo que colocamos às margens é porque não damos a importância que deveríamos. Aquilo que pode ficar para depois. Mas no fundo, não pode, mas colocamos às margens. São tantas as anotações que envelhecem às margens...e ficam só a nossa espera.

Num mundo repleto de tecnologia, escrever à mão, ainda, parece ultrapassado. Mas de posse de um tablet, tenho dúvidas se perceberíamos as margens da tela e, pior, se perceberíamos o que estamos colocando às margens da tela.

Fernando Pessoa nos chama a atenção para estas margens esquecidas, com anotações e lembretes para nós mesmos, mas que não lemos. Não lemos porque o caderno acabou e o jogamos, porque o dia se encerrou, porque o telefone tocou, porque alguém nos chamou em alguma das redes sociais, porque nos esquecemos de ler as anotações, porque, porque, porque, e quando nos damos conta, estamos às margens de nós mesmos.

Realizar a travessia é uma das formas de se ter atenção ao que se está às margens e trazer para o centro. Quem está às margens assiste; quem está no centro participa.

Quem está às margens não tem direito de questionar porque ninguém o deixa falar. E quando consegue um raro momento para falar, todos foram embora.

Quem está no centro constrói a própria história e vive a própria história.

Às margens, alguém que não existe, que vive das sobras dos que não o enxergam.

No centro, alguém que faz a sua existência ter valor. Que cria valor para si e para o outro.

Às margens, sem direito à travessia.

No centro, na travessia.

Não é preciso grandes planejamentos para realizar a travessia, apenas aceitar o convite da vida. E aceitá-lo significa, algumas vezes, dizer sim para ela e não para nós. Está aí um excelente exercício de desprendimento...

Aceitar o convite da vida significa aceitar que a travessia é necessária e urgente. Um processo complexo de se realizar, porém transformador e prazeroso.

Significa, também, deixar de travar embates com a vida. Aceite o convite. Pronto. Ela saberá ouvi-lo no momento certo. De nada adianta brigar com a vida. Ela sempre ganha, mesmo!

Mais inteligente é aceitar o convite, amansar a vida. Assim ela sossega. E depois, quando ela der um leve cochilo, vamos contornando a travessia, vamos colocando nossas regras e limites também. Afinal, a travessia é nossa, não? Portanto, ela deverá ter a nossa cara...

Ficar à margem de nós mesmos é ficar teimando em realizar a travessia que não é a nossa. Mas é a que gostariam que fizéssemos. Ficar à margem de nós mesmos é como se fôssemos expectadores de nós mesmos só que o controle remoto está nas mãos do outro.

Realizar a travessia significa parar um pouco para descansar, tomar uma água, mas ver que muitos já estão lá na frente. Tudo bem. Uma hora chegamos. E que seja na nossa hora e não na hora do outro. Quanto mais olharmos para onde o outro está, mais tropeçamos nas nossas próprias pernas e o caminho, certamente, ficará mais longo e árduo.

Realizar a travessia significa encontrar ventos fortes contrários à navegação. E como navegar? Navegando...

O nosso passado dirá como faremos a nossa travessia. E o nosso futuro foi o resultado da travessia que escolhemos. Sem erros de concordância aqui...

A travessia nos obriga a fazermos paradas obrigatórias. O caminhar é a vida. A vida se dá na travessia. A travessia revela as nossas escolhas, nossas decisões, e também nos dá pistas das nossas próximas esquinas.

Quem não nos conhece não nos estranha. O estranhamento se dá quando iniciamos o processo do conhecimento. E nas esquinas somos todos desconhecidos mesmo tendo as mesmas questões.

A travessia nunca está concluída. Quem acha que concluiu, o que faz aqui, ainda?

Fazer a travessia nos concede o direito de desejarmos a liberdade. Mas antes será preciso passarmos pelos buracos e sujeiras da pista. Travessia é essencialmente falar sobre busca.

O que significa buscar? Significa particularizar os nossos caminhos. Individualizá-los.

Sair das margens de si mesmo é ter a coragem de arrancar os sapatos e pisar sobre pedras e trilhos lisos.

A travessia se constrói sem apelos de imagens e de informações prontas. Aprovamos o excesso de informações porque isto nos torna ocupados demais com o desnecessário. Não queremos saber se o excesso nos cegará. O que importa isto? Quanto mais informação melhor.

O relatório extenso sobre a mesa do diretor. Nunca conheci um Diretor que lesse todo aquele relatório. Nem um gerente e também algum supervisor. Para que ele é feito, então? Apenas para aparecer sobre a mesa. Apenas para aparecer, mesmo que às custas de alguém.

Queremos informações prontas. Mas só isto não basta para a travessia. É preciso mais.

Vontade. Tempo. Conhecimento. É disto que precisamos.

Disposição. Mansidão. Humildade. É disto que carecemos.

“Precisamos alargar a nossa consciência”, disse Hannah Arendt, Filósofa Alemã. Quanta sabedoria numa frase tão curta.

Conseguiremos fazer a travessia quando descobrirmos de onde estamos partindo. Quando aprendermos a migrar dentro de nós mesmos, caminharmos dentro de nós. E assim, compreendermos o mundo do próximo e convivermos no mundo dele sem sermos do mundo dele. E para isto, é preciso estar no centro e não às margens de nós mesmos...

A travessia é isto: transição. É o ir para.

É o chegar lá. É o começar e não saber se vai chegar.

É o arriscar sem garantias. É o sair de. É o atravessar. É o recomeço.

É o orgulho de ter aceitado o convite para realizar a travessia.

É o transitar entre estrutura e risco, sem a menor garantia.

É o seguir pistas falsas e descobrir, só lá na frente, que o caminho estava errado.

Quero encerrar o texto, mas não a reflexão, com um pensamento de Guimarães Rosa, que diz:

“Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia. ”

Um ensinamento sem rodeios. E eleger a busca como meta de vida é arriscar-se a se reencontrar.